Cine-debate discute violência de gênero

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Cine-debate discute violência de gênero

Cine-debate discute violência de gênero

A Comissão de Estudos sobre Violência de Gênero da OAB Ponta Grossa promoveu, na última quarta-feira (31), o Cine-debate Violência de Gênero e suas marcas, com exibição do documentário ‘O Silêncio das Rosas’. A atividade contou com a participação do roteirista e diretor, Eliton Oliveira, da advogada, Bruna Balsano, da psicóloga do CEJUSC/PG, Glaucia Niedermeyer Orth, da juíza titular do Juizado de Violência Doméstica da Comarca de Ponta Grossa, Alessandra Munhoz do Amaral, e da médica legista, ginecologista e procuradora da mulher, Maria Letícia Fagundes. O evento contou ainda com a presença da vice-presidente da OAB Ponta Grossa, Adriana Campagnoli, e da presidente da Comissão de Estudos sobre Violência de Gênero, Camila Sanches, além de advogadas, advogados, acadêmicos e convidados.

Durante o debate, foram levantadas questões para combate e prevenção da violência doméstica. A juíza Alessandra Munhoz do Amaral falou sobre sua experiência no Juizado de Violência Doméstica, apresentando a importância da ressocialização do agressor. “Muitas vezes, a vítima não quer se separar, não quer abandonar o relacionamento. Ela quer que a violência pare, que ele pare de agredi-la. Por isso, é importante dar atenção à ressocialização, interromper a violência”, falou.

Para a médica legista, Maria Letícia Fagundes, é preciso repensar as leis referentes à violência de gênero. “Por que penalizamos o feminicídio, quando a mulher já está morta? Por que não penalizar os crimes menos graves para evitar o feminicídio? Interromper a violência antes que ela chegue à morte é o caminho”, falou. “Desejamos que a violência acabe, não somente a penalização do crime”, completou. Para ela, também é necessário criar um protocolo para o crime de feminicídio. “As estatísticas estão subnotificadas devido à falta deste protocolo. Minha experiência de 22 anos como legista me dá segurança para dizer que há feminicídios não identificados, não caracterizados como tal devido à falta de um protocolo mais específico para o crime”, apontou.

A advogada Bruna Balsano, que atua no NUMAPE- UEPG, falou sobre a importância de atuar na prevenção. “É preciso estar atento aos tipos de violência que se enquadram na Lei Maria da Penha. Ainda há desconhecimento sobre a lei. A informação é essencial para atuarmos de forma preventiva”, disse. Para ela, é preciso também ter equipes preparadas para o atendimento destas vítimas. “A violência institucional é a maior causa de desistência da denúncia. As vítimas não se sentem acolhidas na rede de apoio de combate à violência doméstica”, falou.

A psicóloga do CEJUSC/PG, Glaucia Niedermeyer Orth, falou sobre o projeto ‘Eu converso’, realizado pela instituição, que atende vítimas diretas e indiretas de violência e também os agressores. “O maior número de atendimentos hoje é para vítimas de violência doméstica. Uma das situações que mais percebemos é a culpabilização das vítimas. A rede de apoio precisa acolher esta mulher e não tratá-la como “culpada” pela agressão que sofre. Ela não fez nada que justifique o crime”, relata. Outra questão importante, segundo ela, é respeitar o período de luto pelo fim do relacionamento. “Há um tempo para que essa mulher se cure, para que a tristeza passe, para que ela possa se libertar desse relacionamento abusivo e violento. É um processo”, completa.

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